Em continuidade ao mapeamento da realidade atual do sistema de saúde pública de Campo Grande feito pelo Instituto Ranking Brasil Inteligência sob encomenda do site Diário MS News, a pesquisa revela o perfil dos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) no município.
O Instituto Ranking Brasil Inteligência constatou que a maioria dos usuários é formada por aposentados (11,25%), seguido de perto por vendedores (9,5%), domésticas (8%) e auxiliares de serviços gerais (7,25%). Depois aparecem estudantes (5%), autônomos (4,75%), manicures (4,5%), pedreiro (3,5%), comerciante (3,25%), enfermeiro (3%), operador de caixa e professor (2,5%), gerente (2,25%), mecânico (2%), balconista (1,75%), cozinheiro (1,5%) e mototaxista (1,25%).
Outro questionamento feito pela pesquisa foi em que momento os usuários do SUS procuram atendimento médico em Campo Grande e 37,25% responderam que é quando não suportam mais as dores, seguido por quem percebeu que poderia morrer (20,5%), por aqueles que tomaram medicação em casa (15,25%) e por quem buscou auxílio nas farmácias (12%).
Ainda conforme os dados coletados, 59% dos entrevistados disseram que utilizaram os serviços de saúde pública do SUS em Campo Grande recentemente, enquanto 16,75% falaram que foi há três meses, 8,5% revelaram que foi há seis meses, 6,25% afirmaram que foi há um ano e 5,5% garantiram que foi há mais de um ano. O tempo de espera para ser atendido nas unidades de saúde de Campo Grande é uma média de duas horas e meia (Upas e UBS), segundo os usuários.
Análise
Segundo o cientista político Antonio Ueno, diretor-presidente do Grupo Ranking, é importante lembrar que foram realizados questionamentos para interpretar o comportamento do usuário do SUS em Campo Grande.
De acordo com ele, é possível aprofundar os estudos e apresentar soluções que compreendam as dificuldades do sistema como um todo e que sejam viáveis de ajustes ou implementação. “Tendo em vista que 94% dos entrevistados declararam utilizar o SUS, percebemos que Campo Grande apresenta um sistema confiável de atendimento médico e hospitalar”, ressaltou.
Para Ueno, mesmo que gere descontentamento e reclamações, o campo-grandense reconhece que a saúde de Campo Grande é boa se comparado com outros municípios do interior do estado, mas pode melhorar.
“De acordo com os números alcançados neste levantamento, a maioria dos entrevistados utiliza atendimento em UPAs, ou seja, buscam atendimento de saúde de complexidade intermediária quando os sintomas ou a dor já estão mais acentuados”, pontuou.
O cientista político acrescentou que boa parte dos usuários não sabe que eles podem utilizar a estrutura de UBS para atendimentos simples e aumentam as filas e tempo de espera na triagem com ficha verde, já que as prioridades em UPAs são as fichas vermelhas, laranjas e amarelas.
“Ainda de acordo com o levantamento, os que têm menos tempo e possibilidades, o trabalhador ativo, só busca atendimento quando está com dores fortes ou sintomas graves de doença”, ressaltou.
Campanhas educativas
Antonio Ueno acrescentou que, em quase todos os itens já avaliados, foi possível perceber que as campanhas educativas estrategicamente pensadas, executadas e apresentadas ao público-alvo minimizariam os gargalos de atendimento que ainda necessitam de ajustes em Campo Grande.
“Durante os estudos identificamos que o público do gênero masculino é o que menos busca atendimento preventivo e, quando necessita, busca as unidades mais próximas sem nenhum conhecimento do que significa classificação de risco. E muito desta desinformação acarreta em discussões verbais e até agressões físicas a profissionais de saúde”, recomendou.
Ele ressaltou que outro público que não busca atendimento básico de saúde é o dos jovens independentemente do gênero. “Quando precisam, buscam UPAs e em muitos casos são classificados como verdes ou azuis e passam horas nos locais para serem atendidos”, completou.
Para esse público, conforme Antonio Ueno, também conhecido como geração Z ou nativos digitais, deve-se pensar na utilização da internet e suas tecnologias para apresentar campanhas educativas e até mesmo formas de atendimento remoto.
No levantamento, também foi possível encontrar muitas mães com medo e dúvidas sobre o atendimento de saúde e aplicação de vacinas. “Verificamos que muito da desinformação em relação a eficácia de vacinas em crianças afastou este público dos atendimentos básicos e preventivos de saúde, fato que futuramente congestionará ainda mais as estruturas e o sistema de atendimento à saúde”, projetou.
Outro dado apontado na estratificação deste levantamento é que algumas das rejeições à aplicação de vacinas poderiam ser facilmente resolvidas com a troca de servidores que tenham perfil adequado e humanizado para atenderem crianças, pontuou Antonio Ueno.
Veja a pesquisa completa em PDF:
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